Fotografia do Mês de Julho
Resumo clínico:
Doente sexo feminino 37 anos com história de uveites de repetição desde há 20 anos medicada com corticoterapia tópica e oral de forma crónica. Sem outros antecedentes pessoais de relevo. Exame oftalmológico: Emetrope. AV OD 20/30 e AV OE 20/25. Biomicroscopia: reacção celular de segmento anterior e sinéquias posteriores bilateralmente.
Fundoscopia: ver imagens.
Questões relacionadas com o caso:
1- Principais hipóteses de diagnóstico?
2- Quais os exames complementares de diagnóstico a pedir?
3- Qual o tratamento?
Respostas às questões:
1- Tratando-se de uma uveite recorrente com envolvimento posterior com múltiplas lesões redondas hiperpigmentadas na periferia de ambos os olhos e com a presença de atrofia peripapilar bilateral numa doente emetrope as principais hipóteses são coroidite multifocal clássica ou coroidite multifocal associada a infecção por Mycobacterium tuberculosis.
2- IGRA, Teste Mantoux, RX tórax, pesquisa de BK na expectoração.
3- Além da terapêutica tópica com corticóide e tropicamida deve realizar terapêutica antibacilar durante um período de 9 meses (quadrupla durante 3 meses, seguida de 6 meses com terapêutica dupla) e corticoterapia oral
Comentários
(July 3, 2013)
Joana Portelinha said: A doente é caucasiana (portuguesa). que análises?
(July 3, 2013)
SVP said:Desculpem, escrevi anónimo...
(July 3, 2013)
Anonymous said:Sarcoidose.
Raça da doente?
Pensava tb em tuberculose e sífilis, mas com 20 anos de evolução...
Não há mtas causas de uveite posterior em mulheres jovens que começam aos 17 anos e q tenham 20 anos de evolução. Artrite juvenil n tem este aspecto...
Pedia analises, rxt, oct, angio e verde, mas as lesões q se vêem nessas fotos estão todas inactivas. Estes doentes podem ter reacção CA crónica residual e muitas vezes ficam com debris vítreos, mas obviamente só se consegue distinguir na observação clinica.
(July 2, 2013)
Joana Portelinha said:Apesar de nas imagens não ser evidente a doente apresentava vitrite e edema macula cistóide bilateral comprovado por OCT.
São hipoteses de diagnóstico possíveis SVP mas a investigação conduziu-nos noutro sentido. pediam algum exame complementar de diagnóstico?
A doente era emetrope.
(July 2, 2013)
SVP said:Coroidite multifocal/ POHS.
O fundo parece mmo míope...
Fotografia do Mês de Junho
Cláudia Bacalhau, Centro Hospitalar de Setúbal EPE
cmbacalhau@gmail.com
cmbacalhau@gmail.com
Doente sexo masculino, 81 anos, raça caucasiana
Trazido por funcionária do lar onde reside, que referia secreção ocular de aspecto purulento e hiperémia conjuntival do olho direito.
Sem antecedentes sistémicos ou oftalmológicos de relevo.
Sem queixas subjectivas, nomeadamente desconforto, dor, diminuição da AV ou diplopia.
À observação: ver foto.
Que abordagem / estudo a realizar?
Que hipóteses diagnósticas?
Resposta:
Ponderar patologia neoplásica (diferentes etiologias), apesar da ausência de história clínica. A presença de massa volumosa que comprime o globo ocular obriga a um estudo cuidadoso da situação clínica. Sob midríase não se observou extensão intra-ocular da lesão. Foi realizada ecografia e TAC que também não mostraram extensão da lesão. O diagnóstico anátomo-patológico revelou melanoma conjuntival. A pesquisa de lesões à distância (após referenciação ao médico assistente com informação clínica escrita) foi negativa. Realizou-se excisão da lesão, ainda sem recidiva.
A referência a "conjuntivite" por vezes vem com surpresas - neste caso foi uma "conjuntivite volumosa"!
Comentários:
(June 14, 2013) Anonymous said:Eco hep, transamínases, CEA
(June 13, 2013) Cristina Santos said:eco hepática!!
(June 7, 2013) Cláudia Bacalhau said:O doente foi observado no IPO Lx e dada indicação para excisão. Fez-se excisão o mais completa possível, isolando os musculos rectos que estavam livres. Foi feito recobrimento com membrana amniótica. A amostra foi enviada para estudo anatomo-patologico: "Melanoma Maligno nodular, em todos os fragmentos". Próximo passo?
(June 7, 2013) Cristina Santos said:Obrigada! Aparentemente extraescleral certo? Ressecção o mais completa possível + crioterapia? Esperar pela anatomia patológica para orientar estudo sistémico
(June 7, 2013) Cláudia Bacalhau said:Olá!
Tantas questões! A massa era pouco móvel, consistência rígida, sem plano bem diferenciável à observação. A adução estava limitada. Não havia história de perda de peso ou outros sintomas paraneoplásicos. Após midriase farmacologica não se observou alteração do fundo ocular, mesmo na periferia temporal.
Fez TAC - Massa tumoral com níveis tecidulares de partes moles, localizada em OD, no espaço pré-septal, quadrante infro-interno, de morfologia grosseiramente ovalada com cerca de 18x16mm de diâmetros máximos, impregnando de modo discreto pelo contraste iodado (há cerca de 24UH de ganho de densidade). A lesão determina ligeiro desvio para fora e para trás do globo ocular direito.
Próximo passo? flag like reply
(June 4, 2013) Cristina Santos said:Excelente fotografia! Como eram os movimentos oculares? E o fundo ocular? Essa massa avermelhada era minimamente móvel? Havia algum plano de clivagem? Junto ao limbo toma um aspecto completamente diferente, muito pigmentado, qual a extensão da lesão para os fundos de saco? Tem história de perda de peso? Tem alguma avaliação analítica recente?
(June 4, 2013) Ana Teresa Nunes said:Pedia uma TC para ver extensão da lesão.
Tumor?
Trazido por funcionária do lar onde reside, que referia secreção ocular de aspecto purulento e hiperémia conjuntival do olho direito.
Sem antecedentes sistémicos ou oftalmológicos de relevo.
Sem queixas subjectivas, nomeadamente desconforto, dor, diminuição da AV ou diplopia.
À observação: ver foto.
Que abordagem / estudo a realizar?
Que hipóteses diagnósticas?
Resposta:
Ponderar patologia neoplásica (diferentes etiologias), apesar da ausência de história clínica. A presença de massa volumosa que comprime o globo ocular obriga a um estudo cuidadoso da situação clínica. Sob midríase não se observou extensão intra-ocular da lesão. Foi realizada ecografia e TAC que também não mostraram extensão da lesão. O diagnóstico anátomo-patológico revelou melanoma conjuntival. A pesquisa de lesões à distância (após referenciação ao médico assistente com informação clínica escrita) foi negativa. Realizou-se excisão da lesão, ainda sem recidiva.
A referência a "conjuntivite" por vezes vem com surpresas - neste caso foi uma "conjuntivite volumosa"!
Comentários:
(June 14, 2013) Anonymous said:Eco hep, transamínases, CEA
(June 13, 2013) Cristina Santos said:eco hepática!!
(June 7, 2013) Cláudia Bacalhau said:O doente foi observado no IPO Lx e dada indicação para excisão. Fez-se excisão o mais completa possível, isolando os musculos rectos que estavam livres. Foi feito recobrimento com membrana amniótica. A amostra foi enviada para estudo anatomo-patologico: "Melanoma Maligno nodular, em todos os fragmentos". Próximo passo?
(June 7, 2013) Cristina Santos said:Obrigada! Aparentemente extraescleral certo? Ressecção o mais completa possível + crioterapia? Esperar pela anatomia patológica para orientar estudo sistémico
(June 7, 2013) Cláudia Bacalhau said:Olá!
Tantas questões! A massa era pouco móvel, consistência rígida, sem plano bem diferenciável à observação. A adução estava limitada. Não havia história de perda de peso ou outros sintomas paraneoplásicos. Após midriase farmacologica não se observou alteração do fundo ocular, mesmo na periferia temporal.
Fez TAC - Massa tumoral com níveis tecidulares de partes moles, localizada em OD, no espaço pré-septal, quadrante infro-interno, de morfologia grosseiramente ovalada com cerca de 18x16mm de diâmetros máximos, impregnando de modo discreto pelo contraste iodado (há cerca de 24UH de ganho de densidade). A lesão determina ligeiro desvio para fora e para trás do globo ocular direito.
Próximo passo? flag like reply
(June 4, 2013) Cristina Santos said:Excelente fotografia! Como eram os movimentos oculares? E o fundo ocular? Essa massa avermelhada era minimamente móvel? Havia algum plano de clivagem? Junto ao limbo toma um aspecto completamente diferente, muito pigmentado, qual a extensão da lesão para os fundos de saco? Tem história de perda de peso? Tem alguma avaliação analítica recente?
(June 4, 2013) Ana Teresa Nunes said:Pedia uma TC para ver extensão da lesão.
Tumor?
Fotografia do Mês de MAIO
Autor: Ana Miguel Quintas, CHLN/HSM
Doente de 40 anos
MC: rotina
AP: saudável
Aoft: Nega cirurgias anteriores
AVOD: 6/10
Bio: foto
Diagnóstico: Coloboma bilateral e simétrico da íris associado a catarata nuclear.
Sem outras alterações do exame objectivo.
O curioso do caso é o facto de as boas visões que o doente tem serem obtidas apenas pela presença do coloboma (o coloboma funciona como uma "pupila secundária")
Comentários:
(Apr 29, 2013) Paulo Guerra said:Vamos dar inicio à discussão pessoal..!
Pela foto parece um coloboma da iris tipico associado a uma microfaquia ou microesferofaquia...
Como é o fundo ocular? Há alguma alteração sistémica? Qual o aspecto do olho contralateral? Não há historia de traumatismo?
(Apr 30, 2013) Ana Quintas said:Em resposta às tuas perguntas, Paulo:
O fundo é normal, não se detectou nenhuma alterações sistémica, o outro olho é exactamente simétrico, em espelho, e não há história de traumatismo!
Com o coloboma concordamos :)
(May 1, 2013) Cláudia Bacalhau said:É uma foto intrigante, mas gostava de ver uma foto com fenda, para perceber a profundidade das estruturas, e uma foto de retroiluminação. Assim só de frente a área de coloboma da íris até podia parecer um nevus pigmentado da íris (a observação por retroiluminação seria útil), associado a catarata. E não seria suposto vermos zónulas?
(May 2, 2013) Ana Quintas said:Cláudia:
Infelizmente não tenho mais fotografias disponíveis.
Em retroiluminação tornar-se-ia claro de que se trata de coloboma e não de um nevus da íris.
MC: rotina
AP: saudável
Aoft: Nega cirurgias anteriores
AVOD: 6/10
Bio: foto
Diagnóstico: Coloboma bilateral e simétrico da íris associado a catarata nuclear.
Sem outras alterações do exame objectivo.
O curioso do caso é o facto de as boas visões que o doente tem serem obtidas apenas pela presença do coloboma (o coloboma funciona como uma "pupila secundária")
Comentários:
(Apr 29, 2013) Paulo Guerra said:Vamos dar inicio à discussão pessoal..!
Pela foto parece um coloboma da iris tipico associado a uma microfaquia ou microesferofaquia...
Como é o fundo ocular? Há alguma alteração sistémica? Qual o aspecto do olho contralateral? Não há historia de traumatismo?
(Apr 30, 2013) Ana Quintas said:Em resposta às tuas perguntas, Paulo:
O fundo é normal, não se detectou nenhuma alterações sistémica, o outro olho é exactamente simétrico, em espelho, e não há história de traumatismo!
Com o coloboma concordamos :)
(May 1, 2013) Cláudia Bacalhau said:É uma foto intrigante, mas gostava de ver uma foto com fenda, para perceber a profundidade das estruturas, e uma foto de retroiluminação. Assim só de frente a área de coloboma da íris até podia parecer um nevus pigmentado da íris (a observação por retroiluminação seria útil), associado a catarata. E não seria suposto vermos zónulas?
(May 2, 2013) Ana Quintas said:Cláudia:
Infelizmente não tenho mais fotografias disponíveis.
Em retroiluminação tornar-se-ia claro de que se trata de coloboma e não de um nevus da íris.